As mídias sociais vêm dominando o mundo atual da comunicação. Eventos, discussões, grupos, estudos, reportagens levam algumas poucas soluções e muito mais dúvidas para quem trabalha neste segmento. A capacidade de discernimento é o que realmente conta. Isso porque é muito fácil encontrar consultorias e especialistas em mídias sociais. É preciso tomar muito cuidado com essas denominações.
Especialista pressupõe dois aspectos: o primeiro é a formação, ou seja, o profissional é um grande estudioso, mestre em mídias sociais/comunicação digital. O segundo é a experiência, quero dizer, ele trabalha há muitos e muitos anos com esse nicho, o que lhe dá bagagem necessária para tomar decisões com racionalidade.
Posso estar enganado, mas não consigo enxergar nenhum desses dois aspectos na grande massa de profissionais atualmente. Trata-se de um mercado ainda bastante novo que ganhou força efetivamente nos últimos dois ou três anos. Com isso, a academia ainda não conseguiu consolidar seus posicionamentos e visões. Na outra ponta, quem já trabalha com esse mercado tem, vá lá, uns cinco anos de experiência (o que não pode ser descartado, mas ainda é pouco). Ainda assim, também estão mais tateando do que qualquer outras coisa.
As empresas seguem a mesma trilha. Na ânsia de se posicionarem, de colocarem suas empresas e marcas no ambiente digital de forma positiva – claro, sempre pensando no retorno financeiro – acabam enfiando os pés pelas mãos. Talvez também por não saberem comprar, por ser algo tão novo quanto para elas.
Nesse caminho, começam a buscar os tais especialistas em mídias sociais. Um erro? Não sou tão pretensioso. Diria que é um risco. Antes de mais nada, temos de pensar que para lidar com este universo, o profissional tem de ser especializado em comunicação. E não estou aqui querendo blindar a categoria de jornalistas, RPs, publicitários. Mas a visão macro de comunicação é essencial para o desenvolvimento de bom trabalho com uma marca no ambiente digital.
Não basta conhecer a dinâmica e as especificidades de Twitter, Facebook, Orkut. É bastante óbvio que essas competências são importantes, mas resumem demais o modelo de negócio. A atuação em mídias sociais exige muito mais, já que tudo isso não passa de ferramenta (meio). Estamos falando de um nicho muito mais próximo da antropologia e sociologia, do estudo do comportamento das pessoas, do ser humano, do que de tecnologia. É isso que as empresas e agências deveriam priorizar.
Impossível negar que ainda há uma carência grande de conhecimento sobre o mercado de mídias sociais por parte dos profissionais de comunicação. Conheço jornalistas e RPs brilhantes que pouco se interessam, que não correm atrás, que sequer sabem o mínimo de comunicação digital. E isso, claro, também é um risco. Ainda há um bom espaço para o mercado de comunicação tradicional e ele não vai deixar de ser importante. Cada vez mais, porém, vamos ver esses dois universos de forma indissociável.