Queria colocar uma provocação por aqui. Mas não gostaria que descambasse para aquela velha e ridícula briguinha entre jornalistas e blogueiros. Não tenho mais a menor paciência para isso. Reconheço sim os blogueiros como um canal, um meio, mas pouca gente ainda entendeu como lidar com eles e seus respectivos blogs, podcasts, etc.
Na verdade, há uma série de dúvidas martelando na cabeça das agências de comunicação (assessoria de imprensa e RP): afinal, como deve ser o tratamento dado ao dono de um blog? É o mesmo dado um jornalista da imprensa tradicional? É diferente? Por qual razão? A abordagem deve ser por release? Convidá-los para uma coletiva é um bom negócio? Vale fazer um evento só para blogueiros, separado da coletiva oferecida aos jornalistas?
Essas talvez sejam hoje algumas das principais preocupações e dúvidas de qualquer assessoria que já está atenta às transformações da comunicação (sim, tem muita gente que não faz a menor idéia sobre o que estou falando por aqui). Tenho percebido isso no Grupo de Estudos de Relações Públicas Digitais. E, sinceramente, dessa vez não há agência grande ou pequena, estão todas no mesmo barco.
Outro dia, durante o evento promovido pela Bites, encontrei a amiga Melissa Sayon, da Singular, e fiquei intrigado com a visão dela sobre essa relação. Afinal, o blogueiro é um novo canal de mídia ou um consumidor e deve ser tratado como tal?
Mas, sob o ponto de vista dela, se começamos a tratar os blogueiros como jornalistas, essa intermediação ficará insustentável à medida que qualquer um pode criar um blog e criticar empresas e serviços. Assim, não será possível gerenciar essa relação, tamanho o número de solicitações, de contatos, de comunicados.
Em geral, as pessoas criam esses novos canais para criticar. Comparativamente qual a quantidade de blogs que fazem elogios aos que detonam tudo? Acho que a resposta diz tudo. Se as empresas ao menos entregassem o que prometem, muitas dessas crises seriam resolvidas. Não haveria tanta gente insatisfeita. Mas isso é conversa pra outro post.
Acho que uma empresa vem buscando com mais empenho entender essa relação. A Nokia é uma referência mundial em diversos aspectos e quase todos sabem disso. É líder – sim, essa de verdade, não só no release – pela usabilidade de seus aparelhos. Agora estimula a utilização plena de seus dispositivos, afinal, mobilidade é o grande lance hoje.
A empresa promoveu o Nokia Social Media Connections. Sim, aqui no Brasil. Um encontro com diversos blogueiros e líderes de comunidades sociais do País para que se conhecessem, trocassem idéia. Uma espécie de Jam, a exemplo do que faz a IBM, mas de outra forma. E não digam que isso é post pago ok? Apenas achei a iniciativa bastante interessante e válida, que pode ser facilmente replicada por outras companhias. É conversa minha gente, conversa.
Assim, fica mais fácil entender com quem está lidando, não? Simples, direta, objetiva, sem ficar abusando de estratégias de marketing ou comerciais, como relata o Juliano Spyers em seu blog. Enfim, eu ainda tenho muitas dúvidas também em relação a esse tema. E espero suprir algumas delas no Newscamp.