Mídia alternativa? Talvez…

Gostei muito do texto escrito por Thais Pontes para o Yahoo! Posts. Em poucas linhas ela resumiu bem o que vem se tornando o mercado de blogs no Brasil. Ela levanta um ponto crucial do modelo/mercado de mídia social atualmente.

Sim, tudo é novo ainda para as empresas. Sim, é um mercado sem consolidação suficiente que gere metodologias padronizadas. Os blogs estão se transformando em mídia tradicional? Não sou contra – nem nunca fui – ao modelo de post pago. Aliás, nem sei porque retomei essa já batida discussão. Assim como em diversos mercados, se há produção de conteúdo relevante, creio que ela precise ser remunerada. Ninguém trabalha de graça. O ditado “tempo é dinheiro” continua mais válido do que nunca.

Mas é perceptível que muitos blogs perderam a espontaneidade e a liberdade editorial/criativa por conta de suas amarrações comerciais. Parecem muito mais próximos de veículos de comunicação do velho mundo do que imaginam. E teimam em dizer que não, não assumem esse processo como mídia.

O trabalho de RP Digital deve incorporar esse processo de publicidade – se considerarmos que o post ou tweet pago é mídia?

Na teoria sim. Afinal, o conceito puro de RP vai além da assessoria de imprensa, apesar do mercado brasileiro não trabalhar dessa forma. Já trabalhei com empresas que se recusam a fazer post patrocinado porque não querem forçar a barra ou enfiar sua marca guela abaixo do público do blogueiro.

Há milhares de argumentações contra e a favor, mas é algo a se considerar. Em pouco tempo, esse processo será engolido pelos departamentos de mídia das agências de publicidade e fim de papo.

O blog da Petrobras

Uma saída interessante. É assim que eu encaro a iniciativa da Petrobras de criar um blog para tentar se defender da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). A administração desse canal tem “furado” a imprensa na apuração de fatos. Antes mesmo de ver as reportagens publicadas nos grandes jornais, a companhia chega a divulgar os questionamentos feitos por jornalistas (inclusive revelando que os jornalistas apuram via e-mail) com as respectivas respostas.

O blog, no geral, não está agradando a mídia e vem sendo criticado pelos grandes veículos, o que me parece um posicionamento bastante óbvio. Basta ver o título de reportagem publicada pela Folha de São Paulo sobre o caso. Consigo ver alguns pontos muito positivos do ponto de vista de comunicação:

– Comunicação direta com o público;
– Exposição de maneira clara da versão dos fatos da empresa, sem possíveis distorções da mídia;
– Possibilidade de interessados ou simplesmente qualquer um interagir com a companhia e demonstrar a opinião;
– A simples adoção do canal e a importância dada a ele;
– Um pouco mais de transparência ao processo de comunicação (algo que sempre comento por aqui).

E tem mais. A comunicação da companhia também está usando o Twitter: aqui e aqui.

Vale lembrar que essa postura certamente vai causar grandes inimigos e desavenças na imprensa. O modelo adotado pela Petrobras não só tira o controle da informação das mãos desses meios como expõe a falta de capacidade e de apuração de muitos deles, para não dizer outras coisas. O Azenha coloca essas questões em seu blog. Enquanto isso, a mídia continua batendo forte na iniciativa.

Meu papel não é defender a Petrobras. Nem a imprensa. Trata-se de um bom caso a ser estudado por quem lida com comunicação. Vale observar o que vai acontecer.

Atualização: por conta da repercussão em torno do blog da Petrobras, separei mais alguns links interessantes que podem “ajudar” nas conclusões sobre o caso.

Sylvia Ferrari
Rogério Christofoletti
Daniel Miura
Expressão de Idéias
Sergio Leo
Pedro Doria
Luis Nassif
Idelber Avelar
Claudio Abramo