Política de uso de mídias sociais? Código de conduta?

O título é sugestivo mesmo e minha intenção é provocar uma nova discussão. Temos visto uma proliferação considerável do uso das redes/mídias sociais – de nicho ou não – em todas as camadas da população. O monitoramento constante é essencial, mas existe algo que me preocupa ainda mais. Na web há uma liberdade pouco comum ao mundo corporativo e suas características de controle, o que pode trazer alguns problemas.

E quando falo em uma política a ser direcionada aos colaboradores para o uso consciente das mídias e redes sociais, não estou dizendo para engessar o processo e impedir a liberdade de expressão de ninguém. Não vivemos a época de censura. Ao contrário. São apenas algumas recomendações e orientações que podem e devem ser passadas a todos.

Nem sei até se “política de uso” ou “código de conduta” são as expressões ideais. Creio que iniciativas desse gênero nem precisam ser tão formais. Aliás, a formalidade ao extremo pode, inclusive, transmitir uma intenção de controle o que, sabemos, não existe. Boa parte das organizações ainda bloqueia o acesso a esses meios. Mas e quando o funcionário está fora da empresa? E a conexão que eles podem obter via celular?

Por mais que pareça esquisito nesse novo cenário de comunicação distribuída em diversas plataformas, algo precisa ser feito pelas empresas para que possam proteger suas reputações. E não há nada demais nisso. Antes que os corneteiros de plantão atirem as primeiras pedras, gigantes como a Coca-Cola e a IBM já mantêm “códigos de conduta nas redes sociais” para seus colaboradores.

Querendo ou não, em boa parte dos casos, é a marca da empresa que está em jogo. Exemplos negativos não faltam para ilustrar o que atitudes simples podem causar. Anteontem, por exemplo, dois colaboradores com um simples vídeo publicado no Youtube mancharam de maneira significativa a imagem e reputação da rede de fast-food norte-americana Dominos. Eles gravaram cenas em que enfiam partes ingredientes no nariz e passavam os alimentos em outras partes do corpo na hora de compor os lanches.

Em outra história, uma professora de uma escola foi demitida por publicar suas fotos suas de nudez no Flickr. Claro, os alunos descobriram rapidamente. Em outra oportunidade, uma jovem inglesa foi mandada embora por postar em seu perfil no Facebook um comentário de insatisfação com o atual emprego.

E quando a empresa não sabe exatamente o que fazer com comentários em seu blog? A reação pode ser bastante prejudicial. Um especialistas encontrou uma brecha no site de uma companhia aérea e avisou os administradores via blog. E não é que ainda recebeu uma resposta mal educada?

Todos temos direito de dizer o que pensamos e minha intenção nem é estimular as empresas a cercarem ou pressionarem seus colaboradores. Mas também devemos arcar com as possíveis conseqüências, conforme diz a advogada especializada Patricia Peck, nessa entrevista concedida ao IDGNow! Um simples ato, uma frase perdida, entre outras situações que a internet e as redes sociais permitem, podem reduzir a pó reputação, marca e imagem construídas ao longo de muitos e muitos anos.